sábado, agosto 09, 2008

O tesouro


Ainda há surpresas. Estava há uns dias a verificar as novidades da loja Dusty Groove e chamou-me a atenção o texto publicado pelos sempre atentos retalhistas de Chicago. Nunca ouvi falar de Zélia Barbosa antes (mesmo o google devolve pouca informação), mas bastou ouvir uma faixa para perceber que se tratava de algo muito muito especial, disponível apenas para os mais afortunados. Com uma voz e phrasing irrepreensível, Zélia podia ter sido tão grande como Elis. E nestas gravações efectuadas durante os anos 60 (aparentemente tudo o que gravou) a voz de Zélia, acompanhada por uma pequena banda de jazz (desconhecida, tremenda secção rítmica, com um contrabaixo a pilotar várias vezes a dinâmica instrumental) em absoluto estado de graça e swing, sobe verdadeiramente ao Olimpo, particularmente em "Opinião", "Funeral do Lavrador", "Pedro Pedreiro", "Pau de Arara", "Zelão" (que fantástica interpretação do clássico de Sérgio Ricardo!), "Feio Não é Bonito" (passem a considerar o mais delicioso dos pleonasmos, depois de ouvir) e "Cicatiz". As letras são outro tema à parte: poucas vezes se ouviu de forma tão emocionante a alma profunda do Nordeste Brasileiro. Experiência inesquecível.

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